De várias notícias importantes, a mais divulgada e comentada foi a morte de Steve Jobs. Porquê? Por ser a mais importante? Por haver uma ligação de milhões de possuidores de produtos que, para além de funcionais, são belos e dão estatuto?
A figura carismática e controversa, baseada numa procura de excelência, sempre à frente da concorrência, criou um mito: enquanto a concorrência tinha objectivos bem definidos, ele perseguia a utopia, a relação emocional com os utilizadores dos seus produtos, e os objectivos alcançados superavam sempre a concorrência com alguns anos de avanço.
Por outro lado a morte de alguém que está no auge do sucesso, que uma "doença estúpida" interrompe uma vida admirável, suscita quase sempre uma solidariedade que justifica a unanimidade de referências elogiosas dos utilizadores, dos colaboradores e mesmo dos concorrentes. Sendo tão mediático, até os políticos se vêem na obrigação de elogiar o mito. Milhões de pessoas gostariam que o seu líder político demonstrasse uma ligação com um dos ídolos.
Esta notícia teve uma presença esmagadora em todos os suportes (jornais, revistas, televisão, blogosfera), por haver uma ligação emocional com milhões de pessoas.
Em suma, esta notícia é transversal a toda a sociedade e é veiculada em todos os suportes. Será a mais importante? Provavelmente não. Mas, por vezes, as notícias ganham vida própria e agigantam-se em relação ao retrato que fazem dos factos.