Nos últimos tempos, teve um grande impacto na opinião a deslocalização da sede da empresa Jerónimo Martins (proprietária dos supermercados pingo Doce), para a Holanda.
A opinião generalizada desta operação é que se trata de uma atitude anti-patriótica, de iniquidade fiscal, e outras.
Mas porquê este impacto se já 18 das 20 maiores empresas cotadas em bolsa (PSI 20), o fizeram?
Por causa da profunda crise que atravessamos e por isso mais sensíveis a este tipo de atitude? Pela figura do empresário que passou a imagem de diferente; tem uma fundação com objectivos socais meritórios e tem tido frequentemente posições tidas como patrióticas?
Ou ainda pela oportunidade que as oposições vêem para reafirmar a ética de uns e a falta dela nos seus adversários, à falta de uma discussão profunda e atempada, discute-se segundo agendas de mera oportunidade mediática.
Porque se discute pouco a falta de homogeneidade fiscal no seio da comunidade europeia, permitindo que países coma a Irlanda e a Holanda tenham impostos mais baixos, promovendo a deslocação de sedes de empresas, quase numa lógica de paraísos fiscais?
Porque é que os impostos não são pagos onde são gerados os produtos ou serviços que lhe dão origem, em vez das sedes das empresas? E isto acontece dentro dos próprios países, veja-se as empresas que têm sede em Lisboa, e cujas fábricas estão noutras regiões, em especial no norte.
Em resumo esta notícia é importante, mas mais importante é que as notícias não sejam um produto de consumo, sujeitas tão só às técnicas de markting, dos interesses de grupos económicos e políticos.
Seria bem mais importante a notícia que os legisladores estariam a reformular as leis que tornassem pouco atractivas estas deslocalizações.
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